Taís Mahalem
Postado dia 13/04/2020
16:56

Para viajar sem sair de casa: a Inglaterra como você nunca imaginou

Casa histórica na Inglaterra, com uma ponte em pedra e um riacho ao redor da construção

Conectar-se com o que há além das nossas fronteiras lá fora vai além de apenas visitar um país. É por isso que, durante essa quarentena, queremos que você viaje conosco em uma jornada de aventura, conhecimento e sensibilidade para alguns dos nossos destinos preferidos. Fique em casa: enquanto você não pode ir ao mundo, levaremos o mundo até você.

Antes de começar a ler esse texto, eu tenho um pedido a você: esqueça o Big Ben, os ônibus vermelhos, as cabines telefônicas e a London Eye. É humanamente impossível visitar a Inglaterra sem experimentar a empolgação de ver de perto cada um desses icônicos elementos, é claro. Entretanto, há de ser dito, também, que eles representam apenas um recorte clássico e óbvio do que é esse país. Aqui, a proposta é que façamos uma viagem diferente pelo mundo – e é isso que vamos fazer: ver a Inglaterra sob novos ângulos.

A Inglaterra além do nosso imaginário

Um viajante sempre repara em tudo o que é diferente e, principalmente, o que foge à ideia preconcebida antes da viagem sobre como o país seria – especialmente quando é a primeira vez que se coloca os pés em algum lugar do outro lado do oceano, como foi o meu caso. Com satisfação, percebi logo nos meus primeiros minutos no país que a famigerada elegância, tão presente no modo como fantasiamos o comportamento inglês, é muito mais uma questão de educação do que de estética. Nas ruas, nos pubs e no transporte público; famílias, trabalhadores, casais, amigos: nada de longos casacos elegantes de inverno ou vestuário pomposo – a simplicidade era uma constante.

A ideia da impecável educação, por sua vez, foi confirmada: choviam pedidos de “sorry” até mesmo quando uma pessoa ultrapassava a outra na calçada; nos ônibus e metrôs, jamais houve a menor hesitação para que os lugares fossem cedidos a gestantes e idosos e me foi solicitado auxílio nas ruas sem eu nem sequer precisar pedir – bastava alguém notar que eu estava perdida ou confusa.

Londres e suas múltiplas personalidades

A palavra “multicultural” pode até soar como um clichê quando olhamos para ela assim, sozinha em uma página. Entretanto, as ruas e os bairros de Londres dão vida para ela. Cada zona da cidade é um microcosmo imensamente diferente e completo em si próprio.

Dentre as áreas da capital inglesa nas quais passei mais tempo e, portanto, tenho mais base para um relato adequado, o Elephant & Castle é um dos destaques – afinal, ele é conhecido como “o bairro latino-americano de Londres”, devido à grande concentração de negócios e moradores da América Latina. Outro lugar bem diferente da imagem que costumamos ter de Londres é o artístico Shoreditch que, em parte, abriga a Brick Lane – uma rua popularmente tida como hipster. Entretanto, além desses já atraentes predicados, o mais interessante nesses dois lugares é o fato de que ambos são regiões repletas de negócios e moradores árabes. Inclusive, pelas ruas, é comum encontrar cartazes e pichações pelas paredes que repudiam o preconceito e a xenofobia.

Também dignos de nota, há a City of London – região conhecida pelo seu ar mais executivo e seus enormes prédios de arquitetura moderna – e a parte da cidade onde estão os amados pontos mais populares: a London Eye e o Big Ben. Essa última, apesar de seus atributos mais óbvios, é mencionada aqui pela sua enorme pista de skate, logo ao lado da famosíssima roda gigante: um local repleto de grafites e pessoas de diferentes tribos. Um respiro de diversidade e cultura de rua logo ao lado dos cartões postais de Londres, tão diferente (e muito melhor) daquilo que esperamos dessa região tão conhecida mundialmente.

E o que há nos arredores?

Não é só de Londres que é feita a Inglaterra. De ônibus – e por preços incrivelmente pequenos – é possível partir da capital para uma enorme gama de destinos tipicamente ingleses. A cidade de Bath, por exemplo, é um excelente destino para quem já leu as obras da inglesa e incrível Jane Austen (para quem não leu, este é um excelente modo de conhecer a Inglaterra sob o perspicaz olhar de uma escritora infinitamente à frente de seu tempo). Para quem se encanta por cenários rurais e centenárias casas de pedras e tijolos, as aldeias das Cotswolds valem a visita, com grande destaque para Bibury e Castle Combe.

Fique em casa e aproveita a cultura inglesa

Além de grande fã da já citada Jane Austen e de reforçar sua indicação, outros escritores podem levar um pouco da Inglaterra ao seu lar. As irmãs Brontë, por exemplo, são as donas de alguns dos livros mais famosos da literatura inglesa, como O Morro dos Ventos Uivantes e Jane Eyre. Você certamente conhece Alice no País das Maravilhas, certo? Seu escritor é o inglês Lewis Carroll. Impossível falar sobre esse país sem mencionar Charles Dickens: que tal começar com Oliver Twist? Se é música inglesa que você deseja ouvir enquanto aproveita suas novas indicações literárias, vá além de The Beatles: ouça também The Kinks, Dire Straits e The Kooks.

Felizmente, a Inglaterra não é apenas a “Terra da Rainha”. Longe disso: é a terra da diversidade, da educação, da cultura fascinante e das descobertas de viagem. Assim que a quarentena acabar, se o destino dos seus sonhos for esse país, não se esqueça: o melhor de cada país, aquilo que vai nos fazer crescer e o que vamos levar por toda a vida, nunca está na parte óbvia do mapa. Vá além!

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